por Itamar Rigueira Jr. - Boletim UFMG
(Ilustração:Rita da Glória)
Estimulantes sexuais, produtos para emagrecer, suplementos alimentares e bombas para desenvolver a musculatura povoam sem controle as ondas do rádio. Uma enorme quantidade de produtos considerados falsificados, ou seja, sem registro no Ministério da Saúde e sem validação científica, tem propaganda veiculada principalmente nas emissoras de rádio populares. E esses produtos oferecem riscos à saúde.
Radialistas e outros profissionais de comunicação participaram na manhã de sábado, (26), na Faculdade de Farmácia da UFMG, da segunda oficina Ética, Mídia e Saúde. A iniciativa é parte do Projeto de Educação e Informação, coordenado na UFMG pelo professor Gerson Antonio Pianetti e que integra trabalho realizado desde 2002 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Unesco.
“Nosso objetivo é conscientizar os responsáveis pela divulgação desses produtos sobre o perigo de uma propaganda que induz ao consumo de substâncias que muitas vezes não são indicadas e podem causar sérios danos”, explica Pianetti, professor do Departamento de Produtos Farmacêuticos da Faculdade de Farmácia. Segundo ele, mesmo produtos derivados de plantas consideradas medicinais podem conter substâncias nocivas.
As embalagens trazem geralmente informações falsas e nem sempre têm a assinatura de um farmacêutico. “Um produto que promete emagrecer pode cumprir essa promessa, mas tem elementos diuréticos e laxantes em composições que desestruturam completamente o organismo”, alerta Pianetti.
Bens especiais
O trabalho que diagnosticou a necessidade de uma campanha de esclarecimento direcionada sobretudo a radialistas teve origem no Projeto de Monitoração de Propaganda de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária, que visa descentralizar o monitoramento da propaganda e inserir a academia no debate. Foram firmadas parcerias com universidades em diversos estados, e a UFMG iniciou sua participação em 2005. O Projeto de Educação e Informação inclui captação e pré-análise de peças publicitárias e ações de informação.
A primeira oficina do Projeto Educação e Informação, realizada em abril de 2008, reuniu 150 pesquisadores e estudantes de áreas como medicina, nutrição e comunicação. Trata-se, segundo Pianetti, de parceiros especiais no esforço pela conscientização da sociedade. “Os estudantes de nutrição têm papel fundamental na educação alimentar, os de medicina aprendem a importância da prescrição clara e os de comunicação devem se questionar sobre as consequências da propaganda irresponsável de medicamentos e alimentos”, analisa o professor.
Uma das principais mensagens do projeto é a de que os medicamentos são bens especiais, que devem ser prescritos por médicos e dentistas e vendidos em farmácias, sob supervisão de farmacêuticos.
Gerson Pianetti lembra que, na melhor das hipóteses, um medicamento falsificado não faz mal à saúde – porque não tem qualquer efeito. “Mas faz mal ao bolso”, ressalta. Ainda de acordo com ele, muitos dos medicamentos sem registro são simplesmente desnecessários. “Os famosos suplementos alimentares contêm substâncias presentes nas frutas, verduras e legumes. A necessidade de uma suplementação é rara. Ocorre quando o paciente tem dificuldade de absorção de determinadas substâncias”, ele explica.
Boas maneiras
A Anvisa produziu publicação dirigida aos comunicadores de rádio com orientações sobre propaganda de medicamentos. Confira algumas delas:
• Antes de anunciar qualquer produto sujeito à vigilância sanitária, o veículo precisa certificar-se de que o produto tem registro na Anvisa e de que não exige prescrição médica.
• Não é possível atribuir propriedades terapêuticas aos alimentos. Pode-se falar apenas de suas características nutritivas.
• Produtos fitoterápicos, também conhecidos como “naturais”, podem provocar reações indesejáveis e apresentar contraindicações.
• Sem orientação do médico ou farmacêutico, ou usados de forma inadequada, certos produtos podem prejudicar a saúde ou agravar doenças.
• A propaganda que não respeita a lei implica riscos como retardar a procura pelo tratamento correto e comprometer um tratamento médico em andamento.
• Uma propaganda adequada de medicamentos prima pela divulgação de informações que não incentivem a automedicação e evita expressões do tipo “sem contraindicações” ou “produto natural”.
• Anunciante, agência de publicidade e veículo de comunicação podem ser responsabilizados pela propaganda que não cumpre a legislação.
fonte: http://zsite.com.br/
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