Brasilienses adotarão sistema francês de aluguel de bicicletas

por Sergio Garschagen, de Brasília

(Foto: Wong Mei)

Brasília, cidade projetada para automóveis, vai imitar um bom exemplo de Paris, que, ao contrário da capital brasileira, é cidade convidativa para longos passeios a pé.

As duas cidades têm em comum a topografia pouco acidentada e uma população em sua área central da ordem de 2 milhões de habitantes. Esses dois fatores permitem que estudantes, donas de casa e operários usem bicicletas para pequenas e médias distâncias de casa ao trabalho e também para o lazer nos fins de semana. (Foto: Svetlana Maksimovic)

Pelo menos 50 mil parisienses já adotaram a bicicleta alugada, conhecidas como Vélib, principalmente para distâncias curtas de até 20 minutos. Cerca de 20,6 mil bicicletas estão em uso em Paris, distribuídas por mais de 1,45 mil postos de auto-atendimento para a locação. Os postos estão posicionados a intervalos de cerca de 300 metros, e seu número é quatro vezes maior que o das estações de metrô - mesmo em uma cidade tão bem servida por seu serviço de metrô. A diária de uma Vélib custa três euros e os primeiros 30 minutos são gratuitos.

Agora são os brasilienses, acostumados a veículos particulares de quatro rodas e um ainda deficiente sistema de transporte público, que vão enfrentar, nos próximos meses, um desafio proposto pelo governo do Distrito Federal: substituir os dois modais tradicionais (ônibus e carros) pelas bicicletas.

Assim, em novembro próximo os brasilienses terão à disposição diversos pontos da cidade “estações” de aluguel de bicicletas exatamente iguais às utilizadas pelos parisienses.

(Foto: Armin Hanisch)

Essas estações serão administradas por empresa privada, em tentativa válida do governo em incentivar as pessoas a transitarem de forma mais rápida no Plano Piloto e, gradativamente, nas demais cidades–satélites, também engarrafadas pelos veículos de quatro rodas. O mais recente levantamento do DETRAN confirmou que capital brasileira já licenciou 1,1 milhão de veículos até maio passado.

O edital de concorrência para a escolha da empresa vencedora da concessão dos bicicletários foi publicado pela Secretaria de Transportes no dia 6 de setembro. A empresa escolhida terá de instalar e operar 50 bicicletários de locação em todo o DF em 15 meses. Além da renda oriunda dos aluguéis a empresa terá direito também à venda de espaço publicitário nas “estações” de aluguel e entrega dos veículos.

Essas estações, segundo explicou o secretário de Transportes do DF, Alberto Fraga deverão ter capacidade para armazenar no mínimo 10 e no máximo de 20 bicicletas, ser de fácil identificação e utilização, possuir pisos de alerta no seu entorno com vista a dar segurança, conforto e proteção aos usuários, dentre outros.

O valor mínimo estipulado pela outorga é de R$ 636.544,80 (seiscentos e trinta e seis mil quinhentos e quarenta e quatro reais e oitenta centavos) e será considerada vencedora a empresa que oferecer a maior oferta.

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O ex-prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi, é atualmente uma das maiores cabeças pensantes sobre o futuro de Brasília.

Eleito deputado federal pelo Paraná em 2006, exerce desde o inicio do governo José Roberto Arruda o cargo de secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente.

Além de remodelar todo o sistema viário de Brasília, alargando pistas inauguradas há 50 anos e inaugurando novas vias, Taniguchi já implantou cerca de 50 quilômetros de pistas exclusivas para bicicletas em todo o DF, que serviram como laboratório prático sobre a aceitação desses veículos ecologicamente corretos como meio de transporte tradicional, principalmente para operários, estudantes e lazer.

Outra medida idealizada por Taniguchi, um dos maiores cérebros da equipe do ex-prefeito e governador do Paraná, Jaime Lerner, é no sentido de acelerar nesses dois últimos anos, a política de adensamento populacional em toda a capital federal, acabando com os vastos espaços inabitados entre o Plano Piloto e as principais cidades dormitórios. Esse adensamento permitirá a inauguração de mais 250 quilômetros de ciclovias até o final de 2010, transformando Brasília na cidade brasileira com a maior malha de ciclovias de todo o país.

A equipe ainda idealiza para 2914, ano da Copa do Mundo, a instalação de um bonde moderno francês (Veiculo Leve sobre Trilhos) ligando o centro de Brasília ao aeroporto, integrado ao sistema de metrô que liga a capital às cidades-satélites do Guará, Águas Claras e Taguatinga.

No currículo de Taniguchi constam trabalhos de consultorias de grandes projetos urbanísticos no Brasil e no exterior, tais como Goiânia, Rio de Janeiro, Aracaju, Waitakere (Nova Zelândia), Melbourne (Austrália) e Abu-Dhabi (Emirados Árabes Unidos), Bogotá (Colômbia) e Lyon (França).